O Pós-Transplante
É esperado que ocorra a “pega da medula” em aproximadamente 15 dias. Existem medicações que auxiliam nesse processo. No caso do Dudu, a pega da medula ocorreu em 21 dias. Não existe alegria/alivio maior do que a hora em que o médico nos informa que a pega da medula ocorreu. O Dudu ficou com a pressão alta, como efeito colateral da medicação, e precisou realizar o tratamento disso por um ano enquanto mantinha o remédio. O período dos 100 dias após o transplante é o período em que mais podem ocorrer complicações, desde infecções até doenças do enxerto contra o hospedeiro. E por isso, nas primeiras semanas pós-transplante o Dudu morou com a mamãe próximo ao Hospital onde foi feito o transplante. Graças a Deus, o Dudu não teve nenhuma complicação de infecção ou reação de enxerto.
O Dudu voltou para Sorocaba e permaneceu isolado com a mamãe no apartamento até completar os 100 dias e voltarem para casa. Não foi fácil continuar esse isolamento e prevenção da exposição solar por tanto tempo. A criança pós-transplantada não deve se expor ao Sol devido ao risco de desencadear doença do enxerto contra hospedeiro. Também começamos a revacinação, pois a criança transplantada precisa repetir a maioria das vacinas realizadas na vida (existe um calendário específico para isso). O Dudu teve uma alteração com aumento de potássio no sangue sendo necessário acompanhamento com nefrologista e tratamento medicamentoso. É importante ressaltar que ao longo do primeiro ano pós transplante são necessárias medicações de uso contínuo, exigindo exames de controle semanais.
Mantivemos o Dudu isolado até completar 1 ano do transplante. Após este período, optamos por retorná-lo finalmente à escola somente no segundo semestre de 2023. Existem crianças que retornam antes às suas atividades, mas nós não nos sentíamos seguros para esse feito. Hoje, o Dudu vive uma vida normal. Ele tem algumas infecções de garganta e crises de alergia como qualquer criança que nunca passou por um problema grave de saúde. Ainda temos receio de expô-lo ao Sol, mas já fomos à praia, tomando várias medidas de precaução e felizmente, nada ocorreu com ele. O Dudu já começou a receber as vacinas dos vírus vivos atenuados, as quais podem ser administradas após 2 anos do transplante. É importante no pós transplante que a criança continue o seguimento com especialistas, tais como: hematologista, dermatologista, endocrinologista, pneumologista e oftalmologista.
Levamos 2 anos para contar publicamente porque ainda dói relembrar. Desejamos que nosso relato sirva de alento e esperança para alguém que esteja passando por situação parecida. A aplasia não é a história da vida do Dudu, e só uma parte dela. Ele é um menino saudável, carinhoso, adora andar de bicicleta, brincar de super Mario com a irmã, está sendo alfabetizado e se formará no final do ano.